O homem contemporâneo, nos dias atuais, vive uma grave problemática. Os esforços na preservação de sua autonomia e individualidade nas grande cidades, aliados ao ritmo reconhecidamente estressante, violento, controlado pelo relógio e por múltiplos estímulos nervosos, vão de encontro às forças sociais, à herança histórica e cultura externa. Por conseguinte, vê-se emergir, de maneira mais frequente, inquietações ao indivíduo, dificuldade em expressar seus sentimentos, em estabelecer relações interpessoais com maior profundidade, perda de identidade, sufocamento, isolamento e solidão. E assim, transtornos psíquicos correlacionados à modernidade, como ansiedade, medo e depressão. Partindo desta análise, surgiu o desejo de fazer um trabalho que dialogasse com essas questões. Para Freud, o mundo do inconsciente é o universo do trauma escondido, das lembranças reprimidas, das emoções soterradas. Assim, uma maneira de conseguir evocar parte dessa lembrança traumática guardada nos cantos da mente é através da análise dos sonhos. Ele considerava que a compreensão desse mundo do onírico era o real caminho ao inconsciente, onde se pode vencer os mecanismos de defesa e se alcançar todo o material reprimido sob formas, desconexas e estranhas. Mergulhando nessa investigação, a fotógrafa traz à superfície, parte dos medos que a perseguem desde a infância, imagens emergidas de meus pesadelos. Considerando que a imagem é sobretudo uma forma de experimentar o mundo, tanto aquele que nos rodeia, quanto o que está guardado em nós.