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Devastação

Paula Huven

2014

Paula Huven

“Para Lacan, a devastação é a difícil trama de uma demanda infinita de amor que impossibilita a filha de se separar da mãe para constituir-se como mulher. Na série Devastação o que vemos de imediato é um encontro. Mãe e filha sentam-se diante de um espelho falso, através do qual está a câmera. Aqui não se trata de um olhar direto, mas de um olhar enviesado: mãe e filha estão lado a lado, olham-se uma para a outra através do espelho. Mas o que poderia ser menos inquietante, porque aparentemente distante, beira o insuportável: como estar diante de um espelho e olhar o outro, se o espelho é o artifício que devolve a minha própria imagem?  O que acontece quando eu olho para o espelho e o que lá encontro é a imagem do outro? Essa inversão desestabiliza de imediato uma ordem da relação: misturamo-nos nos olhos e nas imagens, somos extraviados do nosso próprio corpo, tecidos no corpo do outro. O rosto da mãe, o rosto da filha, instâncias de uma intimidade avassaladora, tornam-se, também, de uma estrangeiridade absoluta.” (Fragmento do texto crítico de Carolina Junqueira dos Santos)

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Paula Huven
Rio de Janeiro – RJ
Artista visual  Fotógrafa  Pesquisadora
@paula_huven