Naquela tarde, tipicamente primaveril, daquelas que o sol abraça e faz composição com o azul, Yasmin andava de uma lado a outro buscando algo no horizonte. No quintal que faz parte da infância, daqueles com gramados esverdeados com flores e uma pequena horta, típicos da casa de vó, ela brincava com a cadela Belinha – fiel escudeira, e que a qualquer precipitação desconhecida, latia. Neste dia escutei, daquela pequena pessoa que não chegava a um metro de altura, palavras sobre o fim do mundo. Não sei se viu algo na escola ou escutou na televisão – que sempre estava ligada em algum programa sobre natureza e animais selvagens – o fato era que, no desassossego que ela estava, a frase era proferida repetidas vezes, atrelado ao olhar que fitava o azul celeste. Perguntei o que ela procurava. Ela balbuciou: ” a terra vai acabar”. Um riso frouxo brotou no meu rosto. Pensei que talvez aquele fosse o primeiro momento em que aquela mente pensava sobre a finitude das coisas, e pousei minha mão na cabeça inocente. […] Anos deixaram esta memória para trás, no entanto a conversa sobre o fim, se tornou um ponto de virada para uma lembrança da conversa posterior sobre princípios, sobre o futuro, sobre a esperança – e foi muitas vezes revisitada e transformada em abraços e risadas.