Só posso notar que o passado é lindo porque nunca se percebe uma emoção naquele momento. Ele se expande mais tarde e, portanto, não temos emoções completas sobre o presente, apenas sobre o passado.
Virgínia Woolf
O projeto intitulado “Dos interlúdios que não vimos” aborda a memória e os ciclos da vida. Ao revisitar meus arquivos e observar as imagens dos últimos quatro anos e estudar as relações entre as fotografias antigas e recentes, fui confrontada com a eterna cadência do tempo. Me surgiu, num súbito, a ideia de que somos apenas nossas memórias.
A memória é uma das funções mais importantes da mente humana. Visto que as questões relativas à memória têm um significado profundo para questões relacionadas de identidade, livre arbítrio, linguagem e muito mais, a memória tem sido uma área significativa de estudo nas artes, ciências e filosofia por milhares de anos e tornou-se um dos principais tópicos de interesse dentro da psicologia cognitiva. De acordo com a psicologia freudiana, a memória de longo prazo seria chamada de pré-consciente e inconsciente. Esta informação está em grande parte fora de nossa consciência.
Minha intenção com este corpo de trabalho foi uma tentativa de acessar minhas memórias de longo prazo por meio de fotografias, fazendo um diálogo com imagens de memorabilia e imagens da natureza. São metáforas sobre os ciclos de vida, um diálogo constante entre o passado, o presente e o futuro.
Quando reunidos, eles compõem um retrato da solidão de todas as canções que você não pode ouvir, todas as cores que você não pode ver e todas as palavras que você não consegue pronunciar, incorporando solidão e vazio.
Esse conjunto de imagens flagram por meio de um olhar oblíquo não o estado de visibilidade das coisas no nosso entorno, mas a espessura do tempo, a pátina que reveste nossa existência.