Seja por ação do Estado, seja por veiculação midiática, as favelas têm sido associadas a uma série de problemas sociais, tais como a justificativa para a violência na cidade. Tal percepção gera uma cultura do medo, relativa aos indivíduos que lá vivem, massificando uma visão pejorativa e duvidosa da comunidade, de seus hábitos e da estética produzida nesses lugares.
Em função desse desconhecimento, a potencialidade criativa das favelas tem sido muito pouco explorada. O foco do presente ensaio fotográfico pretende reverter essa tendência, documentando dançarinos urbanos, em sua maioria jovens, que estão em fase de reconhecimento profissional, nacionalmente, em diferentes vertentes urbanas. São artistas que têm orgulho de representar seus territórios de forma positiva, que se mesclam entre ativistas de diferentes causas, grandes competidores, seminaristas, professores especializados, etc, e quem sabe, assim inspirarem outros jovens.
Pretende-se utilizar os elementos da natureza na composição dos cenários fotografados, pois tanto o fogo, como a água, a terra e o ar tanto podem se manifestar em forma de solução básica para a vida, como podem, em função das circunstâncias, serem associados a agentes da morte, do mesmo modo que as favelas.
Pretende-se, assim, desmistificar o que é favela, através do olhar de uma artista da Maré, que também reconstruiu seu olhar sobre o próprio território, através da fotografia, de modo a valorizar uma estética periférica carregada de positividade, focalizando os talentos locais e transformando-os em personagens folclóricos urbanos visando a criação de uma nova perspectiva e de novas (ver)dades.