“Fresta” é um bloco de notas criado a partir de catalogação imagética produzida por mim dos onze aos trinta anos de idade, de registros de memória familiar, íntima e ordinária.
Trata-se de um projeto entre o documental e o autoficcional no qual abordo memória afetiva e intenção fotográfica. A proposição surge de uma insistência recordatória para lidar com o medo da propensão genética ao esquecimento.
Composto por fotografias vernaculares registradas por diversos dispositivos digitais e analógicos, o trabalho ressignifica memórias colecionando ordinarismos, brechas do cotidiano familiar, casa de avós, relicário de pequenos objetos herdados, espaços íntimos e uma série de fragmentos de corpos justapostos como paisagem. Percorrendo salas, quartos, banheiros, o trabalho é um grande “corredor” em meu exercício labiríntico de lembrança que fabrica uma casa. Acredito que em busca de fundar uma nova terra onde ponha os pés ou uma nova mitologia familiar que exploro esse delicado limiar entre arte e autoanálise, entre o público e o íntimo. Por fim, a obra busca encontrar leveza e partilha ao revisitar memórias, narrando num gesto poético formas de contar os tempos (im)possíveis e seus desdobramentos; Uma caixinha de recordações daquelas que guardamos no fundo do guarda-roupas ou debaixo da cama.