O projeto, iniciado em 2018, investiga as fronteiras entre natural e artificial, passado e presente, extinção e existência, pelo território nacional.
Toda paisagem possui uma história, um passado que se revela de diversas formas. Parte desta ancestralidade está contida nas rochas, e as maneiras que a humanidade se relaciona com esta herança atravessam desde o campo científico até o simbólico. Afloramentos e sítios fossilíferos podem emergir devido ao intemperismo natural ou à atividade antrópica, e ajudam a compor parte da história natural do Brasil e do mundo, uma história na qual fatos e ficções se entrelaçam revelando uma realidade fantástica que serve como guia para este trabalho. A América do Sul, incluindo o Brasil, possui uma história geológica antiga e diversa, com evidências que datam de dezenas a milhares de milhões de anos, em épocas que a configuração dos continentes era completamente diferente. Por exemplo, a maior cratera de impacto da América do Sul, que simultaneamente a outros fatores, contribuiu para a mais grave extinção em massa, localiza-se no Mato Grosso e possui 40 km de diâmetro. O deserto de dunas mais extenso que já existiu localizava-se em parte do Brasil e deu origem ao aquífero Guarani, a principal fonte de água para a região mais populosa do país. Campos de estromatólitos e coquinas são encontrados centenas de quilômetros interior adentro, revelando que os contornos do litoral já foram muito distintos do que conhecemos hoje. As espécies mais antigas de dinossauros já descritas são do Brasil e Argentina, indicando uma origem sul-americana para este clado. Com base em pesquisa bibliográfica e consulta a pesquisadores de universidades e museus, foram traçadas rotas que percorrem as regiões Nordeste, Sudeste e Sul, as quais concentram os mais importantes registros paleontológicos do território nacional. Este projeto é uma pesquisa interdisciplinar, desenvolvida em parceria com pesquisadores, comunidade local e outros artistas, revelando a diversidade paleontológica e suas representações alegóricas na paisagem contemporânea, colidindo passado e presente para imaginar um futuro.