A produção deste ensaio foi uma parceria coma as mulheres, assistentes sociais da Prefeitura de São Paulo que trabalham no Projeto Braços Abertos. E foi concebido para que os retratos das mulheres da Cracolândia dessem a elas um lugar de potência e não de fraqueza. Que ali elas se mostrassem como gostariam de ser vistas naquele momento. São retratos de 21 mulheres, entre 20 e 55 anos.
Considero que este trabalho foi um privilégio, ter a oportunidade de fotografar esse momento de doação delas, de conseguir captar o olhar, a força que existe nestas mulheres que vivem numa situação de risco, moram na rua e são estigmatizadas pela sociedade. É aquele lampejo de sintonia entre a mulher fotógrafa e mulheres fotografadas.
Enquanto fiz esse trabalho pude conversar com elas e constatar que a maioria das mulheres tem histórico de violência doméstica, na infância e/ou adolescência. Várias tem histórico de agressão e espancamento por ex- companheiros ou foram abusadas sexualmente. Saem de casa para esquecer, por vergonha e por não o suportar a violência. Infelizmente na rua elas continuam sofrendo as mesmas violações e agressões.
Um ensaio fotográfico para que elas pudessem se ver com outro olhar. Todas elas receberam as fotos impressas e as fotos foram expostas no espaço onde funcionava o Projeto de Braços Abertos.